sexta-feira, 15 de agosto de 2008

o pensamentosdeplock acabou mesmo. é engraçado pensar nisso, porque pra mim parece um transplante de órgãos: tudo funciona muito bem, obrigada, mas não é de origem seu. o pensamentos começou com a minha queda vertiginosa. assim como ela, era tudo muito rápido e as coisas mudavam rapidamente. cada dia pior.
um dia, indo então pra são paulo, meu maravilhoso tio me apresentou a clarah averbuck. li o vida de gato em questão de... 3 ou 4 dias. aquilo alí era exatamente o que acontecia comigo e me apaixonei pela mulher na mesma hora. durante a queda eu li todos os livros da clarah, o que me ajudou a desenvolver palavras de escarros cada dia mais sangrentas. eu já tinha começado o blog porque simplesmente não dava mais, eu estava me matando lentamente, pedaço por pedaço, sem me dar conta disso. colocava todos os meus pensamentos, minhas reclamações e o meu inferno pessoal naqueles textos. adotei o estado de droga, "vide bula". na época eu também lia o mate-me por favor, que com certeza mais que absoluta foi decisivo para expressar todos os meus sentimentos. lembro-me bem que eu mergulhei de cabeça no iggy e nos dolls. era um mundo novo abrindo as portas pra mim; um mundo onde eu me dava bem e esquecia aquilo de dor que corria pelo meu corpo. devorei o livro e pulei pro segundo com os dois pés afundados nas palavras daqueles profetas todos. marcava frases, citava um texto de patti smith no perfil do orkut. no meu blog também pipocavam textos do livro, falando dos junkies e das suas aventuras. era sangue e porrada pra todos os lados. ematomas tomavam conta, pequenas morte aconteciam diariamente comigo. arrumei alguns leitores, pequenos apoios de pessoas que eu jamais veria os olhos.
hoje, eu mantenho um blog apenas pra sobreviver. já caí, já quebrei, e hoje sou (re)feita de pedaços de tudo isso. a minha veia de textos escarrados adormeceu junto com a dor. o que sobraram foram os meus textos perdidos na internet e olheiras. além de memórias esquecidas que eu faço questão de lembrar.

"na verdade ninguém tomava drogas na factory, exceto andy, que tomava obetrols, aquelas pílulas de speed. [...] aquele era realmente seu lance. todos os outros se picavam na escada. mas só metedrina. éramos puristas." ronnie cutrone.
(me lembro de como citava a metedrina nos meus textos.)

o que tudo se tornou, pelas palavras do ron asheton: " o ponto de picos na fun house era o apartamento do meu irmão. tinha um quarto, um banheiro e era perfeito para se picar - um chão de ladrilho verde-escuro, uma grande mesa redonda e aquele tipo barato de forro acústico branco que havia nos consultórios médicos. Bem anos cinquenta. As paredes já estavam meio marrons, mas o pior era que os tijolos estavam todos manchados de sangue. E havia grandes pingos de sangue no chão e nas paredes, porque, quando você puxa uma agulha do braço depois de uma picada, fica um pouco de sangue na seringa e, para limpá-la, você esguicha. então eles esguicharam um monte nas paredes e no forro. Shhhhtick... sangue no teto, sangue nas paredes, uns bons pingos, como se você pegasse um revólver de esguicho e borrifasse água por lá. Foi assim por um bom tempo. Não estava tudo vermelho, só umas manchas marrons grandes e feias, mas muitas vezes havia material fresco e vermelho. Então pingava na mesa ou no chão, onde eles jogavam as bolas de algodão. quanta degradação."

Um comentário:

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado