segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

e são luzes de natal, promessas de um ano melhor, um tom amarelado e olhos cravejados de lágrimas. o vento entra e agita os sinais de manjushri pelo meu quarto. não sei quanto tempo ainda posso suportar isso, não sei por quanto tempo aguentarei tamanho peso nas minhas costas. carregar o mundo não é fácil, principalmente quando tu estás em situações de extrema fragilidade. ossos fracos, olhos cansados e um coração chorando. chorando porque esse mundo é cão, porque se está sozinha (completamente solitária), porque não existem amigos e porque o tempo parece escorregar das mãos. não existe mais lugar no qual me sinta em casa, não existe um par de olhos verdadeiros ao meu redor. eu gostaria de ser outra pessoa, de dormir ou de mudar. mudar não, apenas fugir. fugir porque esse lugar está repleto de lembranças, de pessoas que não me querem bem. são turbilhões de emoções que só me abalam e cada dia mais me desestruturam. eu não mereço isso, sei que não. as pessoas é que se tornaram más e querem me ver no chão. elas conseguem, eu estou fraca e me deixo levar. não existe pedra que me dê segurança, não existe sentimento definido no meu peito. uma hora me culpo, na outra culpo os outros. já não tenho mais razões mas ainda estou aqui. sequer te quero. tento me ocupar com a organização desse velho quarto, enquanto finjo que não tenho problemas e que o teto nunca desabou sobre minha cabeça. espero me levantar, me livrar de tudo e crescer; ficar maior que o mundo. ter de volta minhas asas e meu coração faiscando como louco. as cicatrizes eu vou ter pra sempre - eu sei - mas só vai caber a mim revivê-las ou deixar que elas simplesmente façam parte de um passado. (enquanto isso o doloroso cortejo ainda me segue.)