sábado, 16 de fevereiro de 2008

me deu vontade de escrever milhões de palavras, mas eu não quero falar da dor.
resolvi falar sobre a viagem. sabe, assuntos quase iguais.

no primeiro dia a gente saiu de são marcos, onde a gente passou o natal, e a primeira parada foi a “lanchonete ok”. sim, o nome era esse mesmo. e por sinal ela e a lojinha ao lado eram bem ok. fomos pela estrada mais longa, a do chuí, e pelo caminho fomos de jack johnson, medeleine peyroux, the clash e até devendra banhart. quando a gente finalmente chegou à aduana foi tirar uma foto do lado da placa que indicava o caminho para montevideo e de volta para o chuí. e como todo mundo tinha que aparecer nela, a gente “catou qualquer pessoa para tirar a foto”, e o mais cômico é que o fotógrafo da viagem disse “mais uma!... um passinho pra trás, por favor.” e nisso o cara quase foi atropelado! mas as desgraças estavam só começando. como a gente não sabia o que fazer – quanto a adentrar ao país, perguntamos a um policial que estava por perto. pra nossa surpresa ele era paulista e morava lá há uns 8 anos. ele nos informou que para cruzar a fronteira a gente tinha que ter o seguro carta verde, que é um seguro obrigatório para carros. só que a gente não tinha esse seguro e eram umas 6 horas da tarde! então ele, muito gentil, nos levou até um contador local onde a gente pôde fazer o seguro. enquanto ele não ficava pronto, a gente foi até a primeira praia do brasil: praia do hermenegildo (se não me engano.). resumindo: mesmo com o seguro carta verde feito, a gente tinha que passar por uma outra aduana, porque o carro estava no nome da empresa dos meus tios, e eles não tinham o contrato em mãos. então o santo fábio – este é o nome do policial – nos levou pra cruzar a fronteira em uma aduana bem mais simples, onde ele disse que éramos parentes e a gente nem teve que descer do carro. enfim no uruguai, paramos o carro para conversar com o fábio. ele aproveitou e pediu para onde íamos e se tínhamos onde ficar. não tínhamos e ele, santo homem, mais do que rápido pegou o telefone e falou com o seu josé, dono de uma pousada. sem comentários o sotaque do fábio, meu deus! mesmo com 8 anos de vida no uruguai, ele definitivamente não tinha sotaque algum! palavras como matrimonio, niño e niña – comuns no espanhol, ele falava ninho, ninha, matrimoniu, personau, essas coisas. total portunhol bagaceiro! mas enfim a gente estava no uruguai, com um quarto nos esperando em nosso primeiro destino, que era a praia punta del diablo. a praia é linda! nossa pousada era de frente pro mar e, na frente tinha uma pizzaria. comemos e fomos andar pelo “vilarejo” e ele é uma graça! as ruazinhas são poucas e são de barro – e ainda tinha chovido, há alguns barzinhos/restaurantes, uma única sorveteria, um barzinho com luzes atraentes – pouco, confesso, nenhuma lojinha que prestasse e um deck pro mar. mas o mais interessante são as cabanas, quase minúsculas, das mais alegres e variadas cores e ainda por cima de dois andares, incríveis! o quarto em que a gente ficou na pousada era demais. era pequeninho, mas confortável. ele tinha uma casa de casal, e uma escadinha que levava pro “andar” de cima, onde havia 3 camas. muito divertido, parecia sótão de casa. e o teto era todo de uma espécie de palha.
acordamos, tomamos um café da manhã ótimo, mas o dia estava um horror. a praia de ressaca, o céu cinza, pesado e riscado. mas a gente tinha de partir. seu josé nos deu a dica de ir ao cabo polônio – onde já planejávamos ir. ele disse que valia muito a pena, e que com certeza o sol iria abrir. eu não botei fé. passamos por águas dulces, las vasillas (ou seria valisas?) e paramos em cabo polônio. o tempo ainda não estava uma maravilha, mas estava mais animada. para chegar à praia tínhamos de pegar um caminhão, porque ela fica dentro de um parque ecológico. o passeio de caminhão foi mais longo do que eu imaginava e a paisagem é linda. a praia é extensa e estava muito melancólica com aquele frio. o caminhão balançava muito até que finalmente chegamos ao outro lado da praia, onde há um vilarejo. as casas são quase iguais às de punta e a praia é linda. depois de um banho, nos alojamos em um dos restaurantes e só saímos pra ir embora. pena que na hora de ir embora começou a chover, cair o maior toró! como o caminhão não era coberto a gente teve que sair correndo e se esconder da chuva em algum lugar. corremos pra um barzinho próximo, lotado até não poder mais. pudera; era aquele ou um outro único do lado. a chuva caía e as pessoas se amontoavam cada vez mais. até que o dono do caminhão enjambrou uma lona e a gente foi. o caminho foi árduo – ainda mais de pé, com um vento gelado, pingos caindo na cara e um monte de gente se apertando. enfim no destino em terra firme, a gente trocou a roupa molhada por uma sequinha e, com mais alguns quilômetros rodados de carro, a gente chegou a la pedrera. precisávamos comer, mas no caminho achamos uma lojinha muito legal, a umús, cheia de roupas legais e acessórios divertidos. a chuva mal deu trégua e recomeçou com força total, e nos refugiamos em uma confeitaria divina! com caetano ao fundo, o dono me contou que tinha nascido em minas gerais, mas foi pro uruguai muito novo ainda. entre doces maravilhosos e a chuva a cair, rumamos finalmente à capital!
quando chegamos a montevideo tivemos que procurar um hotel, e ficamos no london palace que, por acaso ou não, foi o que o fábio havia nos indicado. bem ao lado tinham três caras em um bar bebendo e ouvindo tribalistas. a cidade é linda, a rambla é ma-ra-vi-lho-sa. passamos por toda ela com um bom som nas caixas, um sol se pondo, gente linda passeando e um vento gostoso na cara, esvoaçando os cabelos. ah!, sem falar do pirocão! no hotel enfim a gente pode tomar um banho decente e, fomos jantar. estávamos na cidade velha, e bem pertinho do hotel havia as ruelas cheias de restaurantes e lojinhas. encontramos amigos dos meus tios, voltamos para o hotel e os três caras continuavam bebendo no bar ao lado, ao som dos mamonas. em pouquíssimos minutos, por pura coincidência, dei falta da minha câmera. após uma reviravolta nas malas, nos armários e até no frigobar, demos “queixa” na portaria. nos informaram de que teríamos de resolver isso com o gerente, mas só no dia seguinte. então, no outro dia, tivemos de dar queixa na polícia, fazer registro de ocorrência, yadda yadda, ou eles não iriam me ressarcir. disseram que haviam demitido um funcionário que “já havia participado de episódios suspeitos”. feito isso fomos a uma feira enorme, cheia de antiguidades. por lá até achei uns vinis legais, mas eram caros demais. fomos para colônia e no fim da tarde encontramos o giba e os guris; o pepê e o miguel. a cidade é pequena, e há duas quadras da nossa pousada temos: restaurantes incríveis, um local onde alugar carrinhos de golfe – que parecem ser a grande “atração turística” - e uma enorme “sacada’’ com vista para o rio da prata. a paisagem é linda! aqui começa (eu disse começa!) a escurecer lá pelas 9 horas e pouco, quase 10 da noite. é lindo, maravilhoso e eu amei, mas aqui é muito muito quente. na primeira noite comemos no drugstore, um restaurante mega colorido e descolado, cheio de obras de arte nas paredes e com uma cozinha toda à mostra. piadas com a mesa-carro à parte, por favor! nosso ano novo foi em um restaurante legal, numa ruazinha onde uns caras apareceram do nada com tambores e caixas de som. animou geral, alguém me puxou pro trenzinho. ainda em colônia: banho no rio – água quentinha e limpa, passeio com os tais carrinhos de golfe, restaurante horrível e caro com direito à visita de celebridades (no caso a loira do tcham), pousada com edredons maravilhosos e um ar condicionado abençoado. voltamos a montevideo e: comemos em um restaurante maravilhoso perto de pocitos, fomos em uma loja maconha-rock (mentira), piadas quanto ao balde no estacionamento, fomos ao “el fogon”, shopping com direito a zara e mundo de los juguetes, voltas na praça em uma manhã não tão solita e bar 62 com direito a burritos (experimentei e adorei).
no outro dia ao bar 62, fomos de buquebus (barco incrível, tão confortável quanto um avião, e que anda a 100 km/h) para buenos aires, onde nos hospedamos no hotel che lulu. o hotel é uma casa, com o objetivo de “aproximar” todos os hóspedes. eu e os guris ficamos no sótão do hotel, um quarto chamado “3 gueixas”. mas como alegria de pobre dura pouco... descobrimos que o 3 queixas era alugado por cama e que um novo hóspede estava chegando! como eu seria a única mulher do quarto, eu troquei de quarto com o meu tio.
como a argentina é a terra do tango tínhamos de ir a um bar de tango, claro. caminhamos uns 500 km por culpa do everton (não :/ ), e quando finalmente achamos o local: fechado! a gente ficou chateado, porque nem nos outros dias poderíamos ir ao bar (el bolicho del roberto: bar onde jovens argentinos tocam tangos clássicos/antigos), porque ele estaria fechado. comemos guacamole em algum outro lugar. no dia seguinte fomos ao la bombonera, ruas/feiras incríveis de santelmo e almoço com flan e dulce de leche no el desnivel. como estávamos saturados de “comidonas”, fomos a um singelo restaurante na hora do jantar, e eu garanto que foi um dos mais legais de toda a viagem. sentei com os guris e a gente riu mais do que nunca! no outro dia, o último em buenos aires fomos, eu e o dindo, andar pelo palermo pelas ruas em que eu teimava descobrir. fomos nas lojas mais legais, e, GRAÇAS AO EVERTÔNICO, eu/nós achamos a loja que eu tanto queria! fiz minhas "compritchas" e voltei de alma lavada ao hotel. jantamos com o rômulo e a tati no “el de jesus”, mas eu e os guris voltamos antes pra casa. e por sinal, estava passando cidade de deus com legenda em espanhol na tv. o japa, vulgo cidadão oriental fumante americano (hóspede intruso do queixas) até dialogou!
finalmente, acordamos cedo, demos tchau ao che lulu e ao giba e os guris. pegamos o buquebus de volta a montevideo, pegamos o carro e seguimos de volta ao rio grande do sul. na estranha, um problema. a gasolina ia acabar e estávamos no meio do n-a-d-a. chovia torrencialmente. depois de 40 quilômetros rodando só na reserva, achamos um posto. mas ele não podia abastecer, porque estava sem energia elétrica (!!!). rodamos mais e achamos um posto, amém. paramos em pelotas, em um hotel com uma piscina ótima e revitalizadora! no dia seguinte chegamos em são marcos.
entre mortos e feridos, salvaram-se todos.