quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

crise adolescente

sim, sou uma adolescente. e das bem dramáticas e neuróticas. e agora eu me encontro em um infinito dilema que, na verdade, só precisará ser definitivamente resolvido daqui a um ano: sair ou não da zona de conforto que é a casa dos meus pais. você saiu? ótimo, lindo. mas isso porque você provavelmente tinha um objetivo maior - leia-se estudar o que se quer, em uma boa universidade. maaaaas, a questão toda do desespero dessa que escreve é: eu não sei o que estudar. ok, eu e 99% do mundo. mas se eu sair de casa, eu provavelmente vou ir pra SP, morar com os meus tios. e em SP eu vou encontrar muita gente que, além de ser tri inteligente, sabe o que quer fazer da vida e vai se esforçar (muito) pra conseguir. e eu ali, na terra onde eu sempre quis estar, mas provavelmente sem identidade.
diga-se a verdade: eu também não sei pensar de outro jeito. não consigo pensar que, se eu arriscar tudo, posso me dar bem. não sei ser positiva. só vejo o fim, o problema, complico tudo e me arrebento pensando em milhares de possibilidades. é que, desculpe, não consigo ser diferente.
mas voltando à crise, ainda tem o intercâmbio. praticamente certo de que fazê-lo com a faculdade é bem melhor, mas ainda me sobram dúvidas - e stress. no fundo eu escrevo para aliviar a cabeça e não para refletir tudo isso. dane-se, quero (agora) aproveitar minhas férias.




quarta-feira, 21 de outubro de 2009

fiz em 2 de janeiro

quando as pessoas me diziam que eram como quebra-cabeças eu achava clichê. mas agora eu sou uma delas. feita de pedacinhos, todos os caquinhos de coração e mente (mal) juntados, colados com algum tipo de cola feita de amor e ódio. são pedaços meus espalhados pelo mundo, até mesmo nos lugares em que eu nunca estive, mas nos quais meu coração sempre pisou. é como se a cada verdadeira emoção eu ficasse maior por fora, mais corajosa. mas ao mesmo tempo eu tive que perder muita coisa, ficando, assim, mais frágil e quebradiça por dentro. para cada pessoa com que eu troquei olhares, eu tirei uma pequena cópia de sua aparência e guardei aqui dentro. de todas as conversas que eu tive eu também guardei uma cópia trancafiada na mente, e no coração só o que valia a pena. as palavras dos meus grandes mestres eu guardei mais secretamente que muitos segredos próprios, e até as repeti para quem realmente merecia. criei saudades de pessoas distantes, desfiz laços com vizinhos.

agora eu ando assim, entre o que eu me tornei, entre o que eu perdi, entre o que eu fui. dividindo anéis com padrinhos, moletons e palavras de protesto com um velho desconhecido querido e amigo, usando os mesmos óculos que um dia um grane ídolo usou, carregando nos dedos cicatrizes de amigas, carregando no peito cicatrizes de amor. mais dor do que amor, é verdade. carrego comigo também lembranças de noites em que eu só tive a mim mesma, e de dias em que nem um ombro amigo foi consolador o suficiente. me lembro bem de cada música que me embalou e que me fez chorar. são todos esses pedaços de memórias - não muito antigas, mas já consumidas pelo tempo - que me fazem realmente ser quem sou. a camiseta que eu visto já não importa mais, principalmente se houver aquela bagunça interna. durante muito eu carreguei olheiras que ninguém mais percebeu, e isso me marcou de uma forma muito estranha. de modo que já fui marcada mesmo, não nos interessa nada além do fim.

(2 de janeiro, 2009)

PS: me sinto tão ridícula por essas coisas.

deeper

provavelmente eu nunca tive tanta coisa para falar e também nunca estive tanto tempo sem postar. bom, os tempos mudam. acho tão chato quando as pessoas dizem que mudam com o tempo e yada yada, mas no fundo é tudo tão verdade - e tão chato.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

para deixar registrado em algum lugar

- sabe do que se trata tudo isso, nick?
- do que se trata tudo isso?
- disso, nick. é disso que se trata.
- não.
- os beatles.
- o que têm os beatles?
- eles sacaram.
- sacaram o quê?
- tudo.
- como assim?
dev tira o braço e o coloca no meu, pele com pele, suor com suor, toque com toque. depois ele passa a mão na minha e entrelaça os dedos.
- isto - diz ele. - é isto que os beatles entendem.
- acho que não estou acompanhando...
- nas outras bandas é sobre sexo. ou dor. ou uma fantasia qualquer. mas os beatles, eles sabiam o que estavam fazendo. sabe por que os beatles ficaram tão importantes?
- por quê?
- i wanna hold your hand. o primeiro single. é brilhante, porra. talvez a música mais brilhante que já foi composta no mundo. porque eles sacaram. é o que todo mundo quer. não sexo quente o dia todo, sete dias por semana. nem um casamento que dure cem anos. nem um porsche, um boquete ou um barraco de um milhão de dólares. não. eles querem segurar a sua mão. eles tem um sentimento que não conseguem esconder. cada canção de amor de sucesso dos últimos cinquenta anos pode remeter a i wanna hold your hand. e cada história de amor de sucesso tem esses momentos insuportáveis e intoleráveis de mãos dadas. acredite em mim. eu pensei muito nisso.
- i wanna hold your hand - repeti.

(nick & norah's infinite playlist; cap13)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

what a beautiful state we're in

nossa, fazia muito tempo que eu não via uma manhã como a de hoje. é tão especial que é aquele tipo de coisa que, não acontecendo mais, tu guarda brilhante na memórias dos "dias bons". ver - ou viver - de novo manhãs como essas é a melhor prova de que existem dias que você pode ser feliz, pode sorrir sem peso nas costas.

será que em santa barbara todas as manhãs serão assim?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

desejo não realizado é um saco. cabeça rodando, cheia de pensamentos aleatórios também. me encontro nesse ápice de confusão. não sei como sair, se devo progredir ou retroceder. should i stay or should i go? é difícil até pensar em algo coerente para expressar aqui. é ridícula essa euforia, porque no fundo eu sei onde isso vai parar. na verdade não vai começar, é "fogo de palha". isso não vai ir longe. mas isso não torna as coisas mais fáceis. seria maravilhoso que alguém lesse minha mente agora, compreendesse tudo e dissesse "tudo bem" e me ajudasse. i'm scared of the future now.

terça-feira, 19 de maio de 2009

"as pessoas em volta de nós - não são muitas, e certamente não são muito sóbrias - nos olham, não consigo evitar de olhar um pouco em volta, e tenho uma ideia. digo a ela que tenho uma ideia, pego a mão dela da minha e fazemos essa coisa onde os dedos se entrelaçam, aqui é a igreja, aqui é o campanário, e eu a levo pela times square sob as luzes e letreiros animados, até que chegamos aos marquis. de repente ela está me olhando como que porra é essa?, afinal, que garota quer terminar em um marriot de turistas na times square? mas eu digo 'confie em mim', beijo novo, e há outras duas pessoas no elevador de vidro conosco, mas elas ficam no oitavo andar. pergunto a norah qual é o número da sorte dela e ela me diz, então vamos àquele andar. não tem ninguém nos corredores e o melhor de tudo, não tem nenhuma música de corredor tocando, e não vejo o que estou procurando, depois encontro norah, mas norah não consegue esperar e...."

(nick & norah's infinite playlist)

sábado, 16 de maio de 2009

se depender de mim

cada cédula, todo fio de cabelo. falando assim até parece exagero, mas no momento eu não tenho outras frases certas pra descrever algo que, na realidade, eu não sei definir. só sei dizer que é algo que eu não queria sentir. é um tanto quanto chata essa lamentação absoluta e eterna, mas eu não posso andar sempre sorrindo e pulando e ajudando os outros. eu não consigo ser alegre o tempo inteiro. principalmente quando já perdi um céu e muitos pedaços do coração. estamos vivos sem motivos. que motivos temos pra estar? eu tento descobrir pra viver.

domingo, 3 de maio de 2009

fox in the snow

acredito que jamais poderia ir pra londres para curar uma dor de amor. se fosse, garanto que acabaria louca ou morta. é muito inverno, muito gelo, muita frieza e muita falta de vida nos olhos. me perdoem, britânicos, mas jamais poderia conviver com seus dentes podres e seu sotaque irritante. acho melhor ir para a big apple.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

como um vaso que se quebrou em vários pedacinhos, eu nunca mais serei a mesma. mudei ontem e provavelmente mudarei amanhã. nem sempre pra melhor. os pedacinhos nos quais me espatifei me fizeram mudar de forma, de tamanho. são pedacinhos de mim que nunca mais irão se grudar e nunca mais irão formar uma kalany como antes. me sinto culpada, como se eu fosse a responsável por deixar a quebra acontecer. na verdade sou mesmo a culpada, mas no fundo uma espécie de vítima. junto com os meus pedacinhos, conceitos se espatifaram, mas sonhos também viraram pó. a boa coisa nisso tudo (existe coisa boa?) é que aprendi a cair, me desmontar, virar pó e renascer. renascer diferente, menorzinha e um pouco mais acabada, mas renascendo na esperança de luz, calor e amor. hoje não vejo mais a escuridão e o poço sem fundo que eu via uma vez, mas analiso cuidadosamente minhas cicatrizes. cicatriz já diz: marca de algo que passou, mas que continua marcando presença na superfície da pele. é com gosto de derrota, angústia e melancolia que eu olho para elas, mas o que se pode fazer daqui pra frente é esperar. esperar por "better days", assim como antes e igual a todo o mundo. não dá pra seguir em frente olhando apenas pra baixo, lambendo feridas. elas existem, mas se transformaram em cicatrizes que não precisamos mostrar. sabendo que elas estão curadas, e que um novo dia chegará é o bastante para dormir pelo menos por uma noite.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

não há como negar o peso de tudo em cima de mim. me sinto como um passarinho arrastando asas, cortadas, por ruas sujas e que só fazem denegrir sua imagem. minha cabeça anda afastada de dor mas não de confusão. o conflito é aqui dentro e eu não sei de que lado eu estou. praticamente um campo de batalha e eu no meio, procurando abraçar o adversário. mas quem realmente ele é? só que sei que nesse tiroteio, quem sai perdendo é meu coração.


you don't throw your life away going inside
you get to know who's watching you
and who besides you resides

you don't throw your time away sitting still
i'm in a chain of memories, it's my will
and i had to consult some figures of my past
and i know someone after me will go right back

"como se eu estivesse carregando cem toneladas de desilusões sob um céu de blues..."
people, they fall apart.

domingo, 22 de março de 2009

-

as coisas não tem paz


- nem eu.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009



aquele que não tem com o que comprar uma ilha
aquele que espera a rainha de sabá na frente de um cinema
aquele que rasga de raiva e desespero sua última camisa
aquele que esconde um dobrão de ouro no sapato furado
aquele que olha nos olhos duros do chantagista
aquele que range os dentes nos carrocéis
aquele que derrama vinho rubro na cama sórdida
aquele que toca fogo em cartas e fotografias
aquele que vive sentado nas docas debaixo das gaivotas
aquele que alimenta os esquilos
aquele que não tem um centavo
aquele que observa
aquele que dá socos na parede
aquele que grita
aquele que bebe
aquele que não faz nada

meu inimigo
debruçado sobre o balcão
na cama, em cima do armário
no chão, por toda parte
agachado
olhos fixos em mim
meu irmão

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"serious as heart attacks"

tenho onze livros novos pra ler e ao mesmo tempo nenhum. tenho tempo de sobra e não sei o que fazer com ele. penso demais e não consigo escrever uma linha sequer. não tenho cds que supram minha necessidade de música, alguém colocou olho gordo e meu iPod estragou. quero mudar meu quaro, já!, mas não tenho vontade de sair de casa. quero e não quero cortar minha franja, quero roupas novas, quero uma revolução geral aqui. tenho tudo e nada me agrada, me satisfaz. existem buracos por todos os lados e uma perturbação enorme ao meu redor, dentro de mim. não consigo chorar, berrar e me desesperar, meu corpo parece simplesmente não conseguir produzir mais lágrimas. não tenho amigos ou sequer companheiros comigo, ninguém que me faça rir, ninguém pra conversar decentemente. parece que eu desaprendi a viver. "como eu vou contar as minhas tristezas se elas estão todas enroladas?"... me sinto desanimada, sem esperança alguma e cheia de sonhos despedaçados. não acho prazer em nada, vivo numa inquietação. nada funciona. eu não tenho saudades, não me lembro direito do que aconteceu. não sei como cheguei aqui e não sei porque não consigo me mover. me sinto usada, infectada, retalhada. não sei pra onde ir, como ir, sair e me livrar daqui. and you just turned your back on the crowd.