quarta-feira, 13 de agosto de 2008

charlie vestia uma camisa vermelha de flanela e um short jeans curto. sentia-se a rainha daquelas ruas. andava para cima e para baixo sorrindo para todos que passavam por ela. ela cantarola suas canções preferidas enquanto matutava sobre muitas coisas. charlie tinha conhecido alguns garotos legais, havia gostado de uns poucos e trocado olhares com muitos. 

charlie tinha um santuário em casa, seu próprio quarto, onde cultivava pôsters de algumas bandas, uma certa bagunça, alguns livros e tarecos de grande valor sentimental. era engraçado ver aquela menina tão cheia de vida ser tão desapegada com as coisas. a vida corria por aquelas veia de uma forma inexplicável. um certo dia, sem precisar de muitas explicações, charlie arrumou um namorado. pareciam realmente almas gêmeas, feitos um pro outro, conto de fadas, yaddayadda. seu namorado era um amante de jazz e de rock também, vivia em bares conversando com inúmeras pessoas e cantando todas aquelas canções nas quais ambos deliravam. de volta ao seu quarto, charlie e seu namorado deitavam-se em belos lençóis e passavam o dia aos beijos e com o cheiro de nag champa. era fácil se amar naqueles dias, as horas escorriam pelas mãos, fugindo do seu controle apenas se você quisesse. e charlie e seu amor rolavam pela cama, pelo chão, suavam em brancos lençóis e se lambuzavam de amor. apesar de toda aquela eloquência no ar, nunca tive reclamações de charlie. eles eram um casal silencioso. o sinal do seu amor queimava nos olhares trocados, no tocar de mãos, em cada beijo quente que eles não tinham vergonha de dar em público (seja em um show ou no canto escuro daquele barzinho). o namorado de charlie vivia com uma máquina fotográfica pendurada e captando tudo que era possível. eram sorrisos, noitadas, amigos, fogueiras, fogos, amores, camas, beijos. dividindo a mania, então, com charlie, ambos passaram a registrar momentos.
 charlie pôde ir da california a seattle em poucos dias, viver mais um pouco de coisas novas. em muitos lugares charlie seria apenas mais um menina encantadoramente sexy e linda e simpática, mas não em frisco. em frisco ela era a garota que andava pelas ruas sorrindo, irradiando uma luz contagiante. de camisa vermelha, cabelos e olhos escuros, tudo envolto por uma auro digna de califórnia. já não importava com quem ela andava ou com quem dormia; em quem pensava ou quem mantinha no coração. charlie já havia virado uma lenda naquelas ruas.

Um comentário:

Anônimo disse...

legal!
me lembrou as descrições do Neal Cassidy.

bruno