segunda-feira, 2 de abril de 2007

"eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces. porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. no entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. e eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
[...]
porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. e eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. e todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

ausência - vinicíus de moraes

Nenhum comentário: