sexta-feira, 17 de outubro de 2008

i pretend that i'm waiting you.
eu passo os dias sentada neste pequeno canto, porque daqui posso ver as pessoas indo e vindo, voltando. e você sem voltar para o nosso lugar comum, sem voltar para mim. as janelas desse lugar também proporcionam uma visão ampla de todo o espaço, dentro e fora. posso correr o risco de te ver passando pelo saguão e não posso deixar você escapar. chego de manhã cedo, naquele estado de desânimo e sono; sabendo que o dia será estressante e com uma (pequena) pontinha de esperança de te ver passar. me sento todos os dias na mesma mesinha, num canto, para não incomodar ninguém, debaixo de uma pequena luminária de luz amarelada. tomo alguns cafés ao longo do dia, para me manter acordada e aquecida. algumas pessoas que volta e meia passam por ali e me vêem sempre no mesmo lugar, param e discretamente me analisam. uma ou duas vezes estranhos pararam e pediram informações sobre as marcas, a espera e o desespero. eu digo algumas loucuras, nada que transpareça nos meus olhos. eles não questionam e se vão.
e eu continuo ali, de janela em janela, entre estranhos, esperando pelo momento em que você aparecerá. pensando nesse dia em que você caminhará pelo saguão de mármore reluzente com seus sapatos polidos. eu gritarei seu nome, lhe darei flores, tudo para te lembrar de mim e das nossas memórias. esperarei você me mostrar seu sorriso branco e de gente que é bem resolvida na vida, para então te levar para casa.
na verdade eu sei que nunca poderei te lembrar de nada, nunca te farei sorrir. por quê? porque você está longe, em uma vida tom pastel e cheia de regras. novos rostos, sentimentos e valores. sei que você jamais voltará a esse lugar. mas eu finjo que acredito na sua volta, finjo que ainda acredito em nós, porque essa é a única maneira que eu encontrei para me sentir mais perto de ti: fingir te esperar.

Um comentário:

Anônimo disse...

talvez porque o lugar seja comum...


saudade de falar contigo guria!